terça-feira, 26 de novembro de 2013

Eric Hobsbawm: a importância do marxismo e da crítica à injustiça social


Eric-Hobsbawm
No último mês de outubro fez um ano do falecimento do historiador britânico Eric Hobsbawm. Para quem estuda história, é de conhecimento geral que Hobsbawm é uma das maiores referências em história contemporânea. Seu legado intelectual é vastíssimo e suas contribuições para a renovação do marxismo enquanto perspectiva teórica também foram importantíssimas. Detratores do renomado historiador já tentaram acusá-lo de cúmplice do stalinismo e apoiador de tiranias; nada disso, contudo, pode ser imputado a ele. Hobsbawm faz parte de uma geração de pesquisadores, como E.P. Thompson, Christopher Hill, Raymond Williams que não se dobraram aos direcionamentos reducionistas de certo marxismo nem descartaram o marxismo para a lata de lixo por conta dos direcionamentos totalitários que o socialismo ganhou no decorrer do século XX.

No início dos anos 1990, ele também contribuiu para uma coletânea de textos organizada por Robin Blackburn com o título “Depois da Queda: o fracasso do comunismo e o futuro do socialismo” (publicado no Brasil pela editora Paz e Terra e hoje disponível apenas em sebos), que reuniu a contribuição de variados intelectuais, além dele próprio e de Thompson, também de Norberto Bobbio, Habermas, Fredric Jameson, entre outros. Escrito no calor dos acontecimentos que resultaram no fim da União Soviética, os autores analisaram com bastante lucidez o significado histórico daqueles eventos, e, embora algumas análises possam estar superadas, ainda vale a pena a leitura.  Ler sua obra é tanto instigante (incluindo sua autobiografia, “Tempos Interessantes”), como também necessária para compreendermos as raízes de alguns mal-estares sociais e intelectuais de nossa época.

Em 1995, Hobsbawm concedeu uma entrevista para o jornalista Geneton Moraes Neto, e publicada em sua coluna no G1, em que esclarece a importância da União Soviética no século XX, em que sentido ele a apoiou, o significado da morte do marxismo, a importância da utopia enquanto motivação para a elaboração de perspectivas de futuro e da crítica à injustiça social, um dos pontos fortes do marxismo que não perdeu sua atualidade, entre outros temas. A entrevista permanece tão atual como há quase vinte anos. Eu havia guardado esse texto em meus arquivos e reproduzo aqui para reflexão.

Por Geneton Moraes Neto

Órfãos de Marx, saudosistas do socialismo, parem de chorar. Porque o que sumiu na poeira da História foi o chamado “socialismo real”, um equívoco cinzento feito à base de partido único, Estado onipotente, arte demagógica e imprensa oficialesca. Mas, desfeito o equívoco, abre-se agora “um vasto espaço para o sonho”, território livre para novas utopias. Quem garante é o historiador que conseguiu se transformar em guru dos historiadores, o marxista que fez a autópsia do socialismo : o britânico Eric Hosbawm.

Um acaso do calendário reúne a biografia pessoal de Hobsbawm a um dos principais acontecimentos do século XX : o historiador nasceu em 1917, ano em que Lenin escreveu a palavra bolchevique na história da Rússia. Quando ainda usava calças curtas, Hobsbawm virou comunista, se é que um menino de quatorze anos é capaz de enumerar três diferenças razoáveis entre “centralismo democrático” e pudim de chocolate. Passado o vendaval,ele faz uma avaliação sincera das ilusões que viveu.

Eis a entrevista, agora publicada pela primeira vez na íntegra :

GMN : Qual foi a maior ilusão política de Eric Hobsbawm ?

Hobsbawm : “Minha maior ilusão política foi acreditar que a União Soviética poderia ser uma alternativa de desenvolvimento para o Ocidente. Tal crença tomou corpo simplesmente porque, a certa altura do século XX, a economia capitalista mergulhou numa crise catastrófica, à qual a União Soviética parecia imune. Mas, principalmente depois dos anos cinquenta e sessenta, ficou claro que o socialismo soviético não iria cumprir suas promessas nem realizar suas potencialidades. A partir daí,muitos – como eu – deixaram de acreditar no que tinham acreditado quando jovens”.

GMN : O marxismo morreu ?

Hobsbawm (depois de longa pausa) : “Não. Em primeiro lugar,a crítica essencial que Marx fez ao capitalismo é necessária ainda hoje. Como historiador, digo que a abordagem marxista é extremamente útil para que se entenda como as sociedades mudam- não apenas as sociedades capitalistas mas também as sociedades socialistas, hoje inexistentes. Não há dúvida de que uma grande parte das crenças do marxismo já não pode ser considera válida. O fim do socialismo real deixou um enorme vazio”.

Hoje,um grande número dos que poderiam estar na esquerda – socialista ou revolucionária- já não sabe em quem acreditar”.

GMN : O senhor lamenta ter apoiado os governos soviéticos ?

Hobsbawm : “Não lamento, porque nunca vivi na União Soviética. Quem, como eu, apoiava os governos soviéticos não estava pensando na Rússia, mas em nossos próprios países e no resto do mundo. Porque, para o resto do mundo,a existência da União Soviética, ainda que fosse ruim para a Rússia, teve um desenvolvimento positivo. Sem a União Soviética, não teríamos vencido a Segunda Guerra.

Sem a União Soviética, o capitalismo não teria sido reformado, como foi, depois da Guerra. Os que, no Ocidente, foram marxistas ou apoiaram o movimento comunista não têm do que se lamentar, porque estavam apenas tentando alcançar, em seus próprios países, objetivos que eram bons. Quando tiveram a chance de mudar os seus países, mudaram para melhor. Mas,para tanto, pediram o apoio de um regime que impôs um enorme sofrimento ao povo russo – mais do que a qualquer povo”.

GMN : Qual foi o pecado capital do socialismo ?

Hobsbawm : “A falta de liberdade foi o pecado capital, particularmente para os intelectuais. Mas o pecado capital do socialismo foi acreditar que a economia poderia ser operada inteiramente através de um planejamento centralizado, sem a atuação dos elementos do mercado. Os consumidores, os cidadãos comuns, não tinham a liberdade de comprar o que queriam. O que existia,basicamente,era um exagero do papel do Estado Central como um arquiteto da nova sociedade.

Marx disse, em relação às suas teorias, que o importante não era interpretar o mundo,mas modificá-lo. Ficou provado que é mais difícil mudar o mundo através das linhas de análise marxista do que interpretá-lo. Além de tudo,o desenvolvimento dos partidos socialistas foi profundamente influenciado – e distorcido – pelo fato de que o marxismo tomou o poder na Rússia. O que aconteceu ? A União Soviética dominou por anos e anos o desenvolvimento do marxismo e do movimento comunista internacional, o que acabou provocando uma divisão – mais negativa do que perigosa – entre as duas facções do marxismo : os social-democratas e reformistas de um lado; os comunistas e revolucionários de outro”.

GMN : E qual é o pecado capital do capitalismo ?

Hobsbawn : “O pecado capital do capitalismo é a injustiça social. Isso quando nós falamos em termos morais. Em termos práticos, o pecado é que o capitalismo é um sistema que desenvolveu um mundo que precisa de administração e planejamento global – mas o próprio capitalismo não pode prover esta administração e este planejamento. O capitalismo, então, deixa o mundo com sérios e crescentes problemas, para os quais não encontra soluções”.

GMN : O senhor disse uma vez que “o problema básico da história marxista é descobrir como a humanidade passou da Idade da Pedra para a Idade do Átomo”. Se o marxismo não conseguiu, quem é que vai conseguir explicar ?

Hobsbawm : “Em primeiro lugar,não acredito que o marxismo tenha falhado na explicação do desenvolvimento da História. Eis um grande debate que se desenvolve entre historiadores e filósofos.A contribuição do marxismo permanece essencial. O que haverá é um marxismo modificado.A crença dos marxistas na determinação única do desenvolvimento econômico provou ser inadequada.Deve-se levar em conta a análise de fatores como a cultura e as idéias”.

GMN : Haverá lugar na história para uma nova tentativa de aplicar a idéia marxista de uma sociedade sem classes ?

Hobsbawm : “O socialismo real – tal como o tivemos até há poucos anos – não vai voltar. Mas há lugar, sim, para uma nova tentativa de construir uma sociedade de liberdade e de igualdade, em que os seres humanos terão a chance de desenvolver todas as suas capacidades. Eu espero que haja espaço para movimentos que favoreçam a justiça social”.

GMN : O fim do socialismo foi um choque para as esquerdas. Qual será o próximo sonho ? Um jovem arriscaria a vida para implantar uma sociedade liberal-democrata, como se arriscou antes por outros ideais ?

Hobsbawn : “Uma democracia liberal é algo pelo qual ninguém é capaz de morrer. Nem é bom que um jovem esteja preparado para morrer tão facilmente por uma causa. O fim do socialismo real deixou um enorme vazio. Hoje, um grande número dos que poderiam estar na esquerda – seja a esquerda socialista,seja a esquerda revolucionária – não sabem em quem acreditar”.

GMN : O vácuo pode criar espaço para novos sonhos ?

Hobsbawn : “Há um vasto espaço para o sonho. Mas também há o perigo de que esse espaço seja preenchido por um tipo errado de sonho : por sonhos nacionalistas, por sonhos racistas, por sonhos de ressureição de religiões fundamentalistas. De qualquer maneira, problemas como a pobreza e a desigualdade, cada vez mais presentes no desenvolvimento global da economia, assumem uma tal proporção que haverá certamente espaço para movimentos políticos que tentem resolvê-los”.

GMN : É possível prever que movimentos serão esses ?

Hobsbawn : “Alguns desses movimentos serão os antigos movimentos de esquerda. Há no Brasil, por exemplo, um partido de trabalhadores que é similar a partidos de massa que existiram no passado na Europa. Em muitas partes do Terceiro Mundo, há lugar para movimentos iguais aos que existiram antes. Não devemos, portanto, eliminar os movimentos do passado.

A verdade é que o vácuo ideológico será muito mais sério nos países desenvolvidos,os países ricos. Porque nestes países a crise da fé e das crenças – e também a mudança provocada pela extensão da industrialização a países do Terceiro Mundo – terão um efeito mais dramático”.

GMN :A desilusão das esquerdas dará, então, lugar a novos sonhos num futuro próximo ?

Hobsbawm :”É possível que sim,mas,felizmente,historiadores não são profetas.

Nós só tratamos do passado. Historiadores fizeram previsões que provaram ser inexatas. Hoje, com exceção dos instituto de pesquisas econômicas dos governos, todos são céticos na hora de fazer previsões…”.

GMN : Como é que a História vai julgar Fidel Castro ? Daqui a meio século,ele vai receber um julgamento positivo ou vai ser condenado como o último ditador comunista ?

Hobsbawm : “O julgamento será positivo, sem dúvida alguma. Fidel Castro será claramente a figura mais importante da história nacional de Cuba. Quanto à América Latina como um todo, Fidel Castro será um símbolo de libertação – ainda que as políticas de libertação que ele adotou não tenham sido bem sucedidas. Em todo caso, será visto não como um homem não muito bom ao governar o próprio país. Porque,sob o aspecto econômico,eles fez um péssimo trabalho. Por outro lado,as reformas sociais são absolutamente esplêndidas. Há fraquezas no regime cubano, mas Fidel Castro vai ter um papel bastante positivo nos julgamentos históricos do futuro”.

GMN : O senhor diz,na última página do livro “A Idade dos Extremos”,que, no final do Século XX, não sabemos para onde vamos. É bom ou é ruim não saber para onde caminha a humanidade ?

Hobsbawm :”Não saber para onde vamos é o destino da humanidade. Algumas vezes,o homem pensa que sabe para onde vai. Mas, em geral,a gente erra quando pensa que sabe”.

GMN : O senhor diz que o homem hoje tem a ilusão de que vive num “eterno presente”. Isso afeta a percepção da História ?

Hobsbawm : “O “eterno presente” é, em parte, resultado da quebra de relações entre as gerações e, por outro lado, conseqüência da sociedade de consumo. A desvantagem é que é impossível que as pessoas entendam a situação em que vivem sem que saibam como as coisas surgiram,antes. A maioria das pessoas na verdade gostaria de estabelecer tal continuidade entre elas e o passado. Não é fácil estabelecer tal continuidade hoje,porque as mudanças do mundo têm sido tão rápidas e tão profundas que a experiência de vida da maioria das pessoas é marcada pela descontinuidade”.

GMN : A televisão é culpada por criar a ilusão de que vivemos todos num eterno presente ?

Hobsbawm : “Sim. Mas este é apenas um aspecto de uma sociedade de consumo que atua satisfazendo os desejos e as vontades das pessoas a qualquer momento. A sociedade de consumo se interessa pelo que as pessoas fazem agora. A lógica do mercado é ganhar dinheiro com o que as pessoas vão gastar agora – não com o que vão gastar daqui a vinte anos”.

GMN : O senhor é freqüentemente citado na imprensa como “o maior historiador vivo”. Aceita o título ?

Hobsbawm : “É difícil julgar. Não me vejo como o mais importante historiador,mas é uma sensação agradável ver que as pessoas pensam que os livros que escrevi são importantes.Sinceramente,não me cabe julgar se essas pessoas estão certas.Em todo caso,penso que exageram….”.

GMN : Quem é Eric Hosbabwm,por Eric Hobsbawm ?

Hobsbawm : “Tudo o que posso dizer é que tento tentado ver como, num determinado período da História, as coisas se juntam para formar um todo. Porque existe, sim, uma conexão entre as diferentes partes da vida”.

( “O comunismo representou o ideal de transcender o egoísmo e servir a toda a humanidade,sem exceção “,escreveria Hobsbawm em 2002.”Emocionalmente, pertenço a uma geração ligada por um quase inquebrável cordão umbilical à esperança de uma revolução mundial, não importa o quão cética ou crítica diante da União Soviética”. Professor da Universidade de Oxford,Nial Ferguson perguntou,num artigo publicado sobre Eric Hobsbawm em setembro de 2002, no Daily Telegraph :

“Como pode um brilhante acadêmico cometer um erro político por tanto tempo – por cinquenta anos, para ser exato, período em que foi membro do Partido Comunista ? Como pode ele continuar a acreditar, como ele claramente faz, que alguma coisa pode ser salva da lamentável empresa de Lenin e seus asseclas ? A tragédia do comunismo – o que custou a vida de dezenas demilhões – é que um homem com a inteligência de Eric Hobsbawm não pôde ver – e ainda não pode – que o comunismo foi a negação tanto da liberdade quanto da justiça,em nome de um espúrio e falso igualitarismo”.

As simpatias pelo ideal comunista ainda hoje dividem historiadores. Quando uma edição de bolso do Manifesto Comunista apareceu – surpreendentemente – no terceiro lugar na lista de livros políticos mais vendidos publicada toda semana pelo Mail on Sunday,procurei Kenneth R. Minogue,titular da cadeira de Ciência Política da London School of Economics :

– É preocupante ver como um melodrama simplista como este Manifesto é tão popular – disse-me,na entrevista.Eu diria que é simplesmente notável a simplicidade de gente que acredita que um intelectual alemão – escrevendo em 1848 – possa entender a essência do mundo moderno. A um amigo que quisesse entender as tentações do totalitarismo,eu recomendaria que lesse o Manifesto Comunista e ouvisse aquela canção do musical “Cabaret” chamada “Tomorrow Belongs to Me” (“O Amanhã me Pertence”). Tanto o Manifesto como a canção exibem um belo otimismo e uma simplicidade de raciocínio que terminam levando à morte e à destruição.

Hobsbawm resumiria em três linhas,no parágrafo final do livro autobiográfico “Intersting Times” o que sente no início do século XXI :

- Não nos desarmemos, ainda que os tempos sejam insatisfatórios.A injustiça social ainda precisa ser denunciada e combatida.O mundo não ficará melhor por conta própria).

(*) Entrevista gravada em Londres, em 1995. A íntegra da entrevista com Eric Hobabawm – assim como com o filho do líder soviético Nikita Kruschev, com um general da KGB e com o agente encarregado de eliminar Leon Trotsky – foi publicada no nosso livro “DOSSIÊ MOSCOU”.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Documentário Arquitetura da Destruição

Documentário produzido e dirigido pelo cineasta sueco Peter Cohen e narrado por Bruno Ganz, que trata do uso da arte e da estética pela Alemanha nazista. Foi lançado originalmente na Suécia em 1989


terça-feira, 19 de novembro de 2013

CONQUISTA, 2013


Vitória da Conquista é polo de uma região formada por 11 municípios do norte do Estado de Minas Gerais e 89 municípios do Centro-sul e Sudoeste da Bahia, com uma população de aproximadamente 2 milhões de habitantes, que se espalha ao longo de 500 km, por 150 km de largura, da BR 101 às barrancas do São Francisco. Um quinto desse território era coberto pela Mata Atlântica; cerca de um décimo, pela Mata de Cipó autóctone do planalto; e em mais de três quintos predomina a vegetação xerófila da Caatinga. A cidade é circundada por um anel viário da BR 116 (Rio-Bahia), e dista 100 km, em linha reta, da divisa com Minas Gerais. Sua população fixa aproxima-se das 340 mil almas, sendo assim a terceira do Estado, após Salvador e Feira de Santana e a quarta do interior do Nordeste, depois de Teresina, Feira de Santana e Campina Grande. Sua população flutuante pode chegar aos 40 mil nos dias de pico.

Situada numa porção do altiplano, entre 900 a 1100 metros acima do nível do mar, Conquista tem clima ameno, com temperatura no verão que oscila entre 23oC e 32oC durante o dia, e 13oC e 22oC à noite. O inverno é frio, com temperatura mínima variando entre 6oC e 13oC, e a máxima, entre 16oC e 25oC.
A economia local, em produtos primários, é representada pela cafeicultura, com um potencial de um milhão de sacas/ano, e uma nascente cultura de eucaliptos, pela bovinocultura e agricultura de subsistência. Os serviços, com ênfase no Comércio, Saúde e Educação, representam mais de 60% do PIB, que é, per capita, quase 13 mil reais. Renda per capita esta que numa distribuição milagrosa permite que a cidade não possua uma única favela.

Nos serviços, destaca-se o Comércio com 9 mil estabelecimentos, 60 mil assalariados e mais de 10 mil dirigentes ou proprietários. Neste Comércio, aparecem três supermercados da rede Santo Antônio, dois do grupo Rondelli, dois hipermercados da rede Walmart, dois supermercados da rede GBarbosa e um superatacadão Carrefour, um grande shopping center e um segundo shopping, Boulevard, em construção. Alguns empreendimentos locaisultrapassaram os limites do Município e se transformaram em redes regionais e nacionais, dos quais os exemplos mais expressivos são as Lojas Insinuante, Silva Calçados e Comercial Ramos.

Vitória da Conquista dispõe ainda de duas emissoras de televisão e sete emissoras de radiodifusão.
A cidade conta com cerca de mil médicos em instituições públicas e clínicas privadas, e mil e duzentos leitos hospitalares. Apenas cirurgias para transplante de órgãos ainda não são realizadas nas clínicas locais.
As instituições superiores de ensino, quatro privadas (Faculdade Independente do Nordeste, Faculdade de Ciência e Tecnologia, Faculdade Juvêncio Terra, Faculdade Santo Agostinho em fase de instalação) e três públicas, representadas estas últimas pela Universidade do Sudoeste da Bahia, um Campus da Universidade Federal da Bahia e um Campus do Instituto Federal da Bahia, apresentam matrícula aproximada de 20 mil alunos, de graduação a pós-graduação, e contam no corpo docente com cerca de 200 doutores e 300 mestres. Metade destes 20 mil alunos são jovens habitantes de outros municípios da região. A Universidade do Norte do Paraná, atuando na Educação a Distância, tem em Conquista o segundo mais importante núcleo do Nordeste, com matrícula que ultrapassa 3 mil alunos.

Ao longo da história mais recente, foram implantados na cidade, construídos e mantidos pela Prefeitura, três estádios de futebol: o Edvaldo Flores, com assentos para 4 mil pessoas, o Murilão com assentos para 7 mil pessoas, e o Lomantão, podendo acomodar 15 mil espectadores, considerado o melhor estádio do interior da Bahia. Existem ainda, na sede do Município, 10 quadras cobertas, com arquibancadas para até 2 mil pessoas, e um ginásio de esportes e eventos, com capacidade para 7 mil espectadores.
Vitória da Conquista passa por uma fase de vertiginoso crescimento, associado a uma significativa carência de mão de obra qualificada para atividades de ponta. A ineficiência da educação fundamental e de segundo grau é medida nas avaliações efetuadas pelo Ministério da Educação. O crescimento se dá, principalmente, pela junção de fatores ligados a poupanças, propiciadas pelo comércio, e pelos serviços médicos e de educação superior privados. Tais fatores contribuíram para um “boom” na indústria da construção civil, elevando o consumo de concreto usinado a 85 mil m³ por ano, um pouco superior ao que se consome nas cidades de Ilhéus, Itabuna e Feira de Santana somadas.

Ressaltem-se ainda os serviços bancários existentes na cidade: cinco Agências do Banco do Brasil, sendo uma Estilo; três Agências da Caixa Econômica; duas Agências do Banco do Nordeste; três Agências do Itaú-Unibanco; quatro Agências do Bradesco; uma Agência do HSBC; uma Agência do Santander; uma Agência do Banco Panamericano e duas Agências de Cooperativas de Crédito locais.
A frota de automóveis e caminhonetes atinge 65 mil veículos, o que dá um veículo para quase cinco habitantes. A frota de motocicletas chega aos 30 mil.
O aeroporto local, operado pela Azul e Passaredo, tem uma frequência de 14 decolagens e pousos diários, fechando-se, frequentemente, devido a neblinas no inverno e bruma seca no verão.
O crescimento e desenvolvimento de Conquista são propiciados pela participação predominante da iniciativa privada, e pode sofrer acentuada desaceleração na próxima década, por culpa de alguns problemas não resolvidos na cidade e região. O serviço de abastecimento de água é precário; o aeroporto não pode receber aeronaves de maior porte, acima de 30 toneladas, e não dispõe de equipamentos para decolagens e pousos na ausência de visibilidade a olho nu. O centro da cidade tem trânsito caótico e congestionado, porinexistência de terminais rodoviários intermunicipais e intramunicipais na periferia, e inexistência também de um esquema articulado e dinâmico de transporte de massa, o que poderia ser pensado a partir de um Eixo VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) oeste-leste, percorrendo o vale do Verruga, e indo da Lagoa das Bateias ao Campus da Universidade Estadual, com derivações em espinha de peixe para o norte e para o sul. Todo o transporte urbano converge para um único ponto, centro da cidade. As passagens de nível que cruzam o Anel Rodoviário em direção a Barra do Choça, Itambé e Brumado carecem de ser transformadas pela Concessionária da Rio – Bahia em trevos articulados com os diversos destinos. A construção de um Porto Seco é indispensável, a fim de que a carga e descarga de caminhões pesados não sejam feitas dia e noite e por toda parte, obstruindo o trânsito de pedestres e automóveis. A construção de um Centro de Abastecimento, assim como a implantação de um Centro Administrativo, que reunisse todas as repartições municipais, na periferia aliviaria ainda mais o trânsito no centro.

A vinculação definitiva das cidades do Norte de Minas Gerais a Vitória da Conquista seria garantida com a pavimentação dos pequenos trechos de estradas, ligando Maiquinique a Jordânia (35 km), Encruzilhada a Mata Verde (30 km), Cordeiros a São João do Paraiso (30 km), Mortugaba a Montezuma (21 km), Carinhanha a Manga (64 km) e, dentro do Estado, Condeúba a Mortugaba (47 km)
A Educação Básica encontra-se sob a responsabilidade do Município (40 mil alunos), do Estado (20 mil alunos) e da Iniciativa Privada (13 mil alunos). A Educação de Nível Médio (17 mil alunos) é toda ela de responsabilidade do Estado, a exceção de quatro centenas de alunos matriculados no Ensino Técnico Federal. Providências precisam ser tomadas a fim de que se adquira, na Educação Básica e de Nível Médio, qualidade significativa, ou, no mínimo, se recupere a qualidade de outrora. Ressalte-se também a necessidade de que se implante a Universidade Federal do Planalto de Conquista e se elabore um programa de ensino técnico público, para que seja oferecida oportunidade de boa formação às populações mais carentes.

No que diz respeito ao meio ambiente, é indispensável a despoluição e drenagem do Córrego Verruga, transformando as áreas verdes que o ladeiam em parques e áreas de lazer. Assim como encetar e manter um programa contínuo de arborização das vias públicas, e redimensionar e adequar a iluminação pública da cidade.

Na Cultura, Conquista possui um Conservatório Municipal de Música, duas escolas de música privadas, três teatros, uma Biblioteca Pública Central, quatro auditórios para mais de trezentas pessoas, um complexo de eventos (Miraflores) para mais de 10 mil pessoas, quatro museus, uma Casa da Cultura e uma Academia de Letras.

O cineasta Glauber Rocha, o compositor Elomar Figueira e o poeta Camilo de Jesus Lima são filhos desta região, onde também nasceram Aristides Spinola, César Zama, Plínio de Lima, Hermes Lima, Milton Santos, Abílio César Borges, Lafaiete Spinola e Rodrigues Lima. É o Sertão da Ressaca expandido até o Velho Chico, e que tem Vitória da Conquista como fulcro e capital.
Até agora os governos, em todos os níveis, não se preocuparam em identificar, na estratégia global de desenvolvimento do país, a vocação industrial deste Planalto e sua Metrópole. Tampouco cuidaram de induzir a implantação de indústrias capazes de alavancar o Produto Interno Bruto e o Desenvolvimento Sustentável da região.

Fonte: http://www.blogdaresenhageral.com.br/conquista-2013/#more-164872

Utopia e Barbárie

Sinopse
O filme Utopia e Barbárie Retrata e interpreta o mundo pós-segunda guerra mundial e suas transformações; as utopias que nele foram criadas e as barbáries que o pontuaram.
Descreve o desmonte das utopias da geração sonhadora de 1968 e analisa a criação de novas utopias neste mundo globalizado.

Titulo no Brasil: Utopia e Barbárie
Data de Estréia: 23/04/2010
Gênero: Documentário
País de origem: Brasil
Ano de lançamento: 2010
Tempo de duração: 120 minutos
Direção: Silvio Tendler
Estudio: Caliban Produções Cinematográficas
Faixa etária: Livre

sábado, 9 de novembro de 2013

Rock ‘n’ Aula

O grupo faz sucesso nas escolas de Blumenau (SC), e a criançada se empolga com o estilo rock-pedagógico. (Divulgação)

Professor catarinense usa músicas próprias para cantar e ensinar Revolução Industrial, Iluminismo e outros marcos
A proposta inicial, pensada pelo vocalista, guitarrista e professor Christian Machado, de Blumenau (SC), era ensinar história de uma maneira diferente e mais prazerosa. Mas a banda Pré-Histórica foi além. Preparando-se para o lançamento de seu primeiro álbum, que deve sair ainda este ano e de forma independente, o grupo formado em 2012 segue realizando shows em escolas e festivais de rock locais, e cativando um público cada vez maior.

“O pioneirismo foi da Inglaterra / mas a Revolução se espalhou / modificando toda a sociedade / fazendo do lucro uma prioridade”, ensina a letra de “Revolução industrial”, um dos hits da banda. A ideia é que as canções possam ser utilizadas em sala de aula não só por ele, mas por outros educadores. Desde a sua formação, a banda tem mantido o estilo “rock-pedagógico”, com uma pegada de blues vez ou outra, adornando as composições e os arranjos próprios.

“O projeto surgiu quando vi que músicas próprias eram melhores em sala de aula do que as famosas paródias. A melodia original confundia o aluno. Uni o útil ao agradável, quando percebi que as notas dos meus alunos melhoravam [com o método]”, orgulha-se o professor.

Quando, em 2010, Christian começou a compor as letras inspiradas em temas históricos – como Iluminismo, Igreja medieval e a vinda da Família Real para o Brasil, além da famosa Revolução Industrial – ele ainda não havia pensando na formação original da banda. Foi apenas em 2012 que convidou seu ex-aluno Gabriel Day, o Gabes, e seu amigo Ricardo Bordgnion para ingressarem no projeto. Só naquele ano, eles fizeram mais de 20 shows em escolas e festivais, como o “Rock in Rio”. “Não o famoso, do Rio de Janeiro, mas o de Rio Negrinho, no interior de Santa Catarina”, brinca Day.

Desde que a Pré-Histórica foi montada, o público aumentou. O vocalista Christian credita o sucesso à pegada jovem da banda. “As músicas são altamente didáticas e de fácil assimilação, pois têm uma linguagem voltada aos jovens, mas lógico que sempre será necessária a ajuda de um professor para realizar a apreensão. Houve uma procura gigantesca pela banda e por nossas músicas, minhas explicações e até mesmo shows depois que saímos na revista Guia Estudantil”.

Mesmo com o CD ainda a caminho – e que fala de pré-história, descobertas marítimas, monarquias nacionais e Semana de Arte Moderna – os integrantes da banda afirmam ter material suficiente para mais dois. O baixista Gabes não nega o gostinho da fama: “Gosto de tocar ao vivo, é legal quando o público participa e é incrível ver como muitos já sabem cantar alguns refrãos! Estamos longe de ser popstar, mas é legal ver que a criançada no colégio gosta de rock e acaba aprendendo com nossas músicas”.
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/rock-n-aula

Podemos aprender algo com a História?

avô e neto

Se os fatos que nos precederam pertencem agora ao decreto irrevogável do passado, se estiveram em contextos muitas vezes distintos da situação que agora vivemos, podem esses fatos ensinar algo para os homens de hoje? Para início de reflexão, poderíamos pensar a partir do prisma individual. Nem todas as histórias que nossos pais e avós nos contavam serviam simplesmente para apaziguar nossa sedenta curiosidade por saber como era a vida em tempos pregressos, sem eletricidade, internet ou qualquer uma de nossas modernas mordomias tecnológicas. Muitas histórias nos foram contadas a título de exemplos de vida. Nossos avós e pais nos contavam fatos de suas vidas ou de pessoas próximas para nos darem lições sobre erros e acertos passados.

O objetivo de nossos familiares com essas histórias de suas vidas era simplesmente uma transmissão oral daquilo que chamamos de experiência. Queriam ensinar a nos precavermos dos erros através das experiências de vida que passaram. Naturalmente, existem questões circunstanciais distintas entre o que nossos pais e avós passaram e as coisas que vivemos, mas há também aprendizados morais, princípios perceptíveis através das entrelinhas dos fatos. Sendo a sociedade formada por homens (não, a sociedade e o tão falado “sistema” não são entes abstratos que se movem por força própria: são movidos pelas pessoas que os compõem), não poderiam valer os aprendizados para os homens também enquanto conjunto, enquanto sociedade?

Os contextos culturais e as circunstâncias mudam frequentemente na História humana, entretanto, existem fatores que são comuns a todo ser humano, posto que possuímos a mesma natureza. Os homens que nos precederam foram de carne e osso como nós. Tinham as mesmas faculdades humanas: inteligência, vontade e sensibilidade. Em todas as épocas os homens experimentaram o sofrimento, o júbilo, os prazeres, os vícios e as virtudes…

Antigamente dizia-se com prontidão na língua à temida pergunta “para quê serve a História?”: “para aprender com os erros do passado e não repeti-los no futuro”. O século XX, com o seu auge de extremismos, genocídios, totalitarismos, guerras com maiores proporções de destruição dentre outros problemas, pareceu ter posto em xeque o antigo adágio. Realmente, em um primeiro olhar para a História, especialmente se tivermos tendências pessimistas, nos parecerá que não só o ser humano não aprendeu nada com os erros passados, como também soube refinar e inovar sua malícia e crueldade. Trata-se, entretanto, de um olhar apressado. Enxergando a História dessa forma, estamos apenas atentando para um dos lados da moeda. O joio mistura-se e camufla-se no meio do trigo, mas o trigo ainda está lá.

Ao lado das atrocidades e das ideologias totalitárias encontra-se o progresso técnico, o amadurecimento de algumas noções morais, políticas, sociais, etc, embora não na mesma intensidade e ritmo em todos os lugares, como facilmente podemos depreender. E sempre, em todas as épocas, temos exemplos de pessoas que agiram retamente – muito embora certas correntes históricas nos queiram fazer crer que os homens sempre agem movidos pela economia, pelo sistema ou coisa semelhante. Se o meio – ou contexto histórico – interfere no agir humano, é igualmente certo afirmar que não o determina.

Para os antigos gregos e romanos, a História era muitas vezes vista e relatada como uma sucessão de atos humanos; uma coletânea de vícios e virtudes. E essas ações, virtuosas ou viciosas, eram vistas como principal causa dos acontecimentos históricos. Por mais diversos que sejam os contextos, há em comum o elemento humano: no final das contas, a História realmente é um conjunto de atos humanos, com suas moralidades e responsabilidades.

As sociedades podem aprender com a História, mas sempre em um ritmo lento e incerto, pois estas sociedades são compostas por distintos homens que encaram a moral de formas diferentes, tendo intencionalidades e motivações igualmente distintas uns dos outros. Individualmente, contudo, podemos aprender mais se olharmos a História com reta intenção. Afinal, aprende-se muito mais fácil com a experiência própria, quando se experimenta as vicissitudes da vida na própria pele, mas é também verdade que podemos aprender com a experiência alheia, com os exemplos que nos são contados, com os conselhos que nos dão. Trata-se, contudo, de um ato livre, responsável e consciente: percebermos e aceitarmos o ensinamento que a experiência alheia nos mostra. Isso é certamente mais difícil do que a experiência própria, pela qual aprendemos “na marra”.

Certamente não podemos, pelo simples ensino da História, impedir que os homens repitam os erros do passado (muitas vezes julgando estarem fazendo uma grandiosa novidade…) ou induzi-los a repetir os feitos notáveis, mas podemos, individual e conscientemente, aprender com os exemplos de outras épocas (tendo o discernimento para compreender as eventuais diferenças contextuais e circunstanciais), tal como podemos aprender com a experiência que nos é transmitida por nossos familiares e pessoas próximas. No final das contas, a História é, em um de seus aspectos, um grande conjunto de experiências pessoais. Assim, podemos pensar na máxima ciceroniana da Historia magistra vitae (História mestra da vida), não em um sentido absoluto, mas naqu
Fonte:http://revistavilanova.com/podemos-aprender-algo-com-a-historia/

O mito da preguiça baiana

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Recentemente durante um show, o mineiro Rogério Flausino, cantor da banda Jota Quest, disse que “baiano não trabalha”. Não faz muito tempo que a baiana Gal Costa publicou no Twitter: “como na Bahia as pessoas são preguiçosas”. Eles dois reproduziram o mito da preguiça baiana, mesmo que em situações diferentes, Rogério brincava com o público de Salvador e Gal reclamava de um serviço não prestado, mas, de qualquer forma, ofenderam o povo da Bahia.

Só que a ideia da preguiça baiana vem de muito antes das redes sociais e dos programas humorísticos da televisão. Foi romanceada por Jorge Amado, cantada por Dorival Caymmi e vendida pela indústria do turismo: “quer descansar? Vem para a Bahia, estado da alegria, onde a festa nunca termina…”

A coisa é tão séria que virou tese de doutorado – e livro. A antropóloga Elisete Zanlorenzi foi investigar a questão, desvendou a origem do mito e foi até notícia. Leia o que publicou o jornal Folha de São Paulo, em 2005:

Segundo a pesquisadora, a caracterização do baiano como preguiçoso começa com as grandes migrações de nordestinos, genericamente chamados de “baianos”, para o sul do País. Os recém chegados, ainda sem emprego, alojavam-se em cortiços ou favelas. “Estas condições contribuíram para que o termo baiano fosse associado a outros como sujo, desorganizado, não produtivo e, finalmente, preguiçoso”, explica Elisete.

Um outro aspecto interessante que contribuiu com a associação da Bahia à preguiça está ligado ao discurso de baianos famosos como Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Gal Costa, e Maria Bethânia. “Eles chegavam no eixo Rio-São Paulo afirmando serem preguiçosos. Era como dizer: eu não sou daqui”, analisa a pesquisadora.

Em sua tese, Elisete menciona outros quatro motivos para a formação do mito da preguiça baiana: a industrialização tardia de Salvador, a indústria do turismo, que mostra somente o aspecto divertido da festa, o discurso da imprensa, que transmite apenas o lado trágico das migrações, e a indústria da seca, que forjou uma imagem do nordeste ligada à incapacidade profissional para justificar a necessidade de investimentos na região.

Enquanto isso, as piadas continuam…
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Fonte:http://www.linkconquista.com.br/linkado.php?id=18460